Os malucos do riso fascista

po Ruben Mateus

Caem que nem uns patinhos. Imagino aquilo que a extrema-direita se deve rir ao perceber que velhas narrativas conseguem (como sempre) conquistar tantos apoiantes e seguidores. A tática é idosa, mas parece jovem cada vez que é retirada da gaveta e colocada em jogo. O mote é muitos simples: culpar o semelhante, mas diferente, por todos os males que se vivem. O discurso é dirigido a pessoas que se sentem cansadas, frustradas, com raiva que necessita de um escape por onde possa sair. É aqui que entra o discurso de ódio para motivar as massas fartas das não respostas que permitam uma vida digna e assim temos uma nova ascensão da extrema-direita até aos lugares de poder no mundo ocidental.

Não nos deixemos enganar! Claro que existem pessoas racistas e xenófobas entre os apoiantes e seguidores da extrema-direita, mas grande parte chega agora a este espectro político porque deixou de acreditar nas soluções dos partidos habituais. É, no fundo, para estas pessoas, uma espécie de não há nada a perder. Contudo, aquilo que a extrema-direita faz é com que se odeie quem está mais próximo de nós na luta por uma vida digna. Não é à toa que são os imigrantes a serem atacados e apontados como os responsáveis por todos os males que existem à nossa volta. De costas voltadas, as pessoas comuns, o denominado povo (venha ele de onde vier) não se conseguem em unir em torno da exigência por uma vida melhor.

Por alguma razão se diz que o fascismo (personificado na extrema-direita) não é mais do que a união do capitalismo com a política para espezinhar o povo. E é isso que hoje acontece. Com a raiva centrada nos imigrantes (que só procuram uma existência melhor e longe das condições dos países de origem) esquece-se aquela que é a verdadeira questão: o regime económico em que vivemos. O ódio aos imigrantes não é mais do que uma cortina de fumo para que não se fale sobre a ideologia vigente: salários cada vez mais baixos e lucros cada vez mais máximos. Apela-se a uma insegurança que não existe, a um medo que não é real, a uma traição pelo suposto roubo de empregos (trabalhos que os do país de origem, maioritariamente, se recusam a fazer).

Assim se esquece que o nosso semelhante quer o mesmo que nós. A extrema-direita, a rir sem parar, apenas defende e com resultados aqueles que a financiam. Não, não se trata da defesa da população ou da luta contra o sistema (do qual a extrema-direita faz parte). O que está causa é a defesa de um capitalismo selvagem e nem que para isso se tenha de colocar pessoas iguais nas suas lutas e ambições de costas voltadas. Quando toda a gente se aperceber da estratégia talvez seja tarde demais. Aliás, o passado mostra que se abriram os olhos tarde demais.

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