Miguel de Unamuno, filósofo espanhol e escritor, dramaturgo e poeta, no fim da vida vai proferir um discurso corajoso que ficará para sempre como o exemplo de um discurso de liberdade, contra a ditadura e o ‘terror’ do fascismo espanhol.
Nascido em Bilbao a 29 de Setembro de 1864, Don Miguel de Unamuno vai morrer em Salamanca no dia 31 de Dezembro de 1936.
Dois meses antes, em 12 de Outubro de 1936, dia da abertura do ano lectivo da Universidade de Salamanca, Unamuno prepara um discurso visando o momento de horror que se vivia em Espanha. Franco conquistara o poder. Muitos dos alunos e amigos de Miguel de Unamuno tinham sido presos, torturados e assassinados pelo governo de El Caudillo.
Não há nada escrito, nem se sabem as palavras exactas que proferiu, mas existe um artigo de Luís Gabriel Portillo Pérez (1907-1993), escritor e professor de Direito Civil na Universidade de Salamanca, que reproduz as suas palavras, na revista Horizon, em 1941.
“Estais à espera das minhas palavras. Conheceis-me bem, sabeis como sou incapaz de permanecer em silêncio. Por vezes, ficar calado equivale a mentir porque o silêncio pode ser interpretado como aceitação. (…). . Vencer não é convencer e devemos convencer acima de tudo – e nunca poderá convencer o ódio que não deixa lugar à compaixão.”(…)
(….)“Este é o templo da inteligência e eu sou o sumo sacerdote. Estais profanando o seu sagrado recinto. Sempre fui, diga o que disser o provérbio, um profeta no meu país. Vencereis porque tendes força bruta que baste. Mas não convencereis, porque para convencer há que persuadir. E, para persuadir, necessitaríeis de alguma coisa que vos falta: a razão e direito na luta.
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